Representantes dos 14 conselhos federais das profissões da área da saúde vão encaminhar ao ministro da Educação, Mendonça Filho, documento alertando-o para os riscos a que a população está sujeita, ao ser atendida por profissionais da saúde, com formação inadequada na graduação. O centro das preocupações dos conselhos é a formação pelo modelo de ensino predominantemente à distância (EAD), em que o estudante não tem acesso a atividades práticas nem o acompanhamento presencial de professores. No documento, vão defender o fim dos cursos com matriz curricular inteiramente à distância.
A decisão de buscar o titular da Pasta da Educação é uma das deliberações que constam da pauta da reunião entre as lideranças dos conselhos, realizada, na quarta-feira (08.03.17), em Brasília, para discutir o ensino na graduação à distância. Essas entidades formam o Fórum dos Conselhos Federais da Área da Educação (FCFAS). Há uma grande preocupação, dentro do Fórum, com a questão da formação inadequada oferecida pelos cursos de ensino predominantemente à distância na graduação.
RISCOS À SAÚDE – “Como um farmacêutico egresso de um curso de graduação 100% à distância vai, por exemplo, manipular um medicamento, se, durante toda a graduação, ele não teve atividades práticas oferecidas por sua instituição de ensino?”, questiona, em tom de alerta, a professora aposentada de Farmacotécnica Homeopática da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e assessora da presidência do Conselho Federal de Farmácia, Zilamar Fernandes.
O Fórum dos Conselhos pretende fechar um cerco ao ensino 100% à distância, na graduação. Nesse sentido, já manifestou que não aceita flexibilizar a legislação que dispõe sobre o ensino de graduação para a área da saúde, sob pena de o número de cursos EAD proliferar e comprometer a formação dos acadêmicos, aumentando os riscos para a população. O FCFAS defende a completa extinção dos cursos com matriz curricular inteiramente à distância, por eles não oferecerem atividades práticas para os estudantes.
A proliferação já uma realidade. A professora Zilamar Fernandes lembra que existem seis instituições de ensino disponibilizando 33 cursos EAD de Farmácia, responsáveis pela abertura de 9.320 vagas. Segundo ela, dos 14 cursos na área da saúde, 11 já oferecem ensino à distância. Apenas Medicina, Odontologia e Psicologia, ainda, não abriram vagas na modalidade.
Além do ministro da Educação, o Fórum vai buscar, também, as lideranças políticas, sindicais e acadêmicas para criar meios de impedir a expansão da modalidade EAD para o ensino na saúde. No encontro desta quarta-feira, ficou decidido que os conselhos federais de profissões da saúde irão atuar junto ao Congresso Nacional, com vistas a que seja aprovada uma lei que proíba o ensino virtual na graduação nessa área. O FCFAS decidiu, ainda, pela deflagração de uma campanha nacional para esclarecer a população sobre os riscos que corre, ao ser atendida por profissionais com formação inadequada.
AVALIAÇÃO – As discussões sobre o ensino à distância na graduação na área da saúde foram levantadas pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Foi o órgão que tomou a iniciativa de pautar as reuniões e propor soluções, com vistas a barrar o avanço da má formação dos profissionais da saúde.
O presidente do CFF, Walter Jorge João, ex-professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Pará (UFPA), disse que os conselhos querem participar do processo de avaliação dos cursos de EAD da área da saúde autorizados pelo MEC, a exemplo do que já fazem em relação aos cursos presenciais. O Fórum vai reivindicar a participação na avaliação junto ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)/MEC.
Fonte: Assessoria de imprensa do CFF (Aloísio Brandão)