Trinta e sete anos depois do surgimento do primeiro serviço de Farmácia Clínica do Brasil, a cidade de Natal volta a sediar mais um acontecimento histórico para esse segmento da profissão farmacêutica. Reunido na noite de quinta-feira, 15 de setembro, durante no II Encontro Nacional de Educadores em Farmácia Clínica, um representativo grupo de farmacêuticos e educadores ligados à área deliberou pela criação da Sociedade Brasileira de Farmácia Clínica.
O primeiro presidente também foi escolhido por aclamação da assembleia. Será o professor Tarcisio José Palhano, pioneiro da Farmácia Clínica no Brasil. Responsável por materializar o sonho do professor José Aleixo Prates e Silva, de implantar o primeiro serviço de Farmácia Clínica do país, no Hospital das Clínicas, atual Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o professor Tarcisio José Palhano, mais uma vez, abraçou o desafio de ser pioneiro e agradeceu pela confiança nele depositada pelos seus pares.
A sociedade nasceu do anseio dos farmacêuticos clínicos de ter uma entidade que lutasse pelo desenvolvimento desta área de atuação farmacêutica no país, sem a segmentação por local de atuação. Esse desejo foi expresso em manifesto lançado na tarde do dia 15 (para ler, clique aqui), que teve, em sua versão de papel, a adesão de 139 farmacêuticos. Poucas horas depois de ser lançado, por volta de 19 horas, quando se iniciou a assembleia, já eram quase 100 assinaturas entre os 250 participantes do II Enefc. A versão do documento publicada na página pró-sociedade nas redes sociais (para acessar a página, clique aqui) tinha quase 200 curtidas.
O professor Tarcisio Palhano e as professoras Ivonete Batista de Araújo e Lúcia de Araújo Costa Beisl Noblat que, em 1977, lhe auxiliaram na missão que lhe foi designada pelo professor Aleixo, foram os três primeiros a assinar o manifesto de criação da sociedade. “Estamos absolutamente comprometidos com essa causa e o fato de ser o primeiro presidente é mais uma demonstração de generosidade, amizade, gratidão e respeito que as pessoas têm para comigo”, comentou.
Em seu discurso, após o convite formal, o professor Tarcisio Palhano conclamou a todos a trabalhar para que a entidade seja efetiva em seus propósitos. “Que as pessoas que estão assinando o manifesto não negligenciem a intenção e o esforço para que o estatuto a ser criado, não se torne uma letra morta. Que todos nós estejamos com o propósito de um final feliz. Que não façamos das dificuldades, barreiras intransponíveis que possam vir a inviabilizar essa ideia tão boa e tão salutar que é criar essa sociedade”, alertou.
Primeiro a falar, ele anteviu o teor de parte dos discursos que viriam a seguir. Vários dos oradores destacaram a preocupação de que a criação da entidade viesse a contribuir para a fragmentação da unidade dos profissionais que atuam no segmento. Mas, ao mesmo tempo, todos os que se pronunciaram reconheceram como legítima e oportuna a proposta, e manifestaram seu apoio incondicional à iniciativa.
Em um depoimento emocionado, a presidente do Fórum Nacional de Farmácias Universitárias (FNFU), Silvia Storpirts, relembrou sua trajetória profissional e falou de sua forte ligação com a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Sbrafh). Confessou sua dúvida inicial em apoiar a criação da nova entidade, mas disse estar segura que a proposta é legítima e pertinente, em razão do grande desenvolvimento observado atualmente pelo segmento em que ela atuou durante toda a vida e ao qual permanece ligada, por meio da Farmácia Universitária.
A presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos e Farmácias Comunitárias (SBFFC), Carmen Iris Tolentino, disse estar tranquila por ver que à frente dessa nova entidade estão o professor Tarcisio Palhano e um grupo de farmacêuticos comprometidos, sérios e muito capazes. “Tenho certeza que vou poder realizar um trabalho conjunto pelo desenvolvimento da nossa profissão”, afirmou.
A presidente da Sbrafh, Maely Retto, disse que a entidade que dirige enfrentou momentos difíceis, mas hoje está muito bem inserida no segmento que representa. Isso se deve, segundo informou, à parceria planejada que a Sbrafh mantém com sua “filha”, a Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo). “Confio que todos juntos, agora também com essa nova organização, poderemos continuar trilhando esse caminho.”
A coordenadora-geral do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), do Ministério da Saúde, Mirna Poliana Furtado de Oliveira Martins, que é farmacêutica clínica, declarou o seu apoio e falou também em nome do diretor do DAF, Renato Alves Teixeira Lima. “Ele tem ciência desse movimento, de sua importância. E em seu nome, digo que o Ministério da Saúde apoia a iniciativa de criação da sociedade, estando disposto a trabalhar conjuntamente em projetos em favor da saúde da população.”
A assessora da Presidência do CFF, Josélia Frade, fez um discurso marcado pela emoção, em que destacou a satisfação de ver reunidas na assembleia e no movimento clínico várias gerações de farmacêuticos e educadores. Ela ressaltou a participação do Conselho como grande catalisador do segmento e pediu que os presentes se despissem de ideias preconcebidas, se engajando na luta por um sistema de saúde mais justo e por uma resposta ainda mais efetiva da profissão farmacêutica às necessidades de saúde das pessoas. “Vamos apoiar também essa entidade que está nascendo e as pessoas que farão parte dela, sem vaidades, de forma horizontal, para que essa ciranda cresça e se fortaleça ainda mais. Há muitas necessidades ainda para serem atendidas”, comentou.
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Fonte: CFF