“Ela fez o teste da Covid e voltou pra casa. Três dias depois pegou o resultado pela internet e deu positivo. Ela foi ficando mais fraca, com dor no corpo, moleza e tontura. Aí nisso foi passando os dias e tomando os remédios que eles indicaram para Covid. Nós achávamos que essa moleza era só uma dor no corpo mesmo, uma indisposição da doença”, contou Sílvia.
Como a mãe dormia muito, a filha, preocupada, conversou com amigos e recebeu orientações de farmacêuticos para que procurasse saber como estava a saturação no sangue, ou seja, a oxigenação. Caso tivesse baixa poderia ser indicativo de problema no pulmão. Ela foi orientada pelos profissionais de saúde a adquirir um oxímetro. Segundo protocolo de organismos internacionais de saúde, o nível abaixo de 95% já pode ser considerado crítico.
“Na farmácia perguntei para o rapaz como devia proceder se tivesse abaixo e ele disse era para correr para o hospital. Então fomos para o hospital e quando chegamos lá a saturação dela estava em 84%. Aí os médicos internaram logo e já colocaram máscara de oxigênio. Ela foi ficando sem ar e com o pulmão cheio aos poucos sem perceber. Ela não sentiu falta de ar”, relatou Sílvia. Dona Suely ficou oito dias na UTI. Ela chegou a ficar com 50% do pulmão comprometido, mas já se recuperou e teve alta. Sílvia atribui a recuperação à orientação prévia dos farmacêuticos e às diversas orações de amigos e de parentes.
A farmacêutica clínica Ligiane Silva, que é doutoranda em Educação e professora plantonista do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, teve experiência com pacientes graves de Covid e reforça que pacientes idosos nem sempre apresentam febre e os sintomas podem ser inespecíficos. “Às vezes se espera a febre presente como sinal de gravidade, mas idosos, crianças e imunossuprimidos podem não manifestar febre. Então é preciso se atentar a outros sinais presentes, principalmente, a dificuldade respiratória, onde é importante fazer a verificação dessa saturação do O2 para avaliar se ele está enquadrado num quadro leve, moderado ou grave”.
O conselheiro federal de Farmácia pelo Paraná, Luiz Gustavo Pires, ressalta que o atendimento clínico prestado pelo farmacêutico pode ajudar as pessoas a descobrirem doenças precocemente e assim evitar complicações maiores. “Sempre que esse profissional suspeitar de que o paciente precisa e um diagnóstico ou de outro nível de atenção – visto que a farmácia está no nível da atenção básica – ele deve encaminhar o paciente ao médico. Foi o que ocorreu com a Dona Suely, quando o resultado do teste alertou para um agravamento da Covid-19. Como vimos neste caso específico, a recuperação da Dona Suely foi bem sucedida devido à orientação prévia de farmacêuticos que sugeriram a medição do nível de oxigênio no sangue da paciente. É por isso que o Conselho Federal incentiva a prática clínica, porque é muito importante para manter a saúde das pessoas e pode ajudar a salvar vidas”.
A farmacêutica esclarece, no entanto, que os sinais e sintomas da Covid-19, principalmente nos extremos de idade, como idosos e crianças e pessoas com a imunidade comprometida, podem ser inespecíficos e confusos até mesmo para os profissionais da saúde. Os pacientes que pertencem aos grupos de risco precisam ter atenção redobrada. Verificar a saturação do oxigênio no sangue é apenas um dos sinais de alerta. Alguns pacientes graves podem não apresentar dificuldades respiratórias e, mesmo assim, apresentar comprometimento do pulmão.
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