Um recente estudo internacional, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), trouxe à tona uma realidade alarmante sobre a obesidade em escala global. Baseando-se em dados antropométricos de 222 milhões de indivíduos em mais de 190 países, coletados por uma equipe de 1,5 mil pesquisadores, incluindo alguns do Brasil, e publicados na revista The Lancet em março, os resultados pintam um quadro sombrio da situação mundial.
O dado mais preocupante revelado pela pesquisa é o número impressionante de 1,04 bilhão de pessoas obesas em todo o mundo. Isso representa aproximadamente um em cada oito habitantes do planeta, totalizando cerca de 12,5% da população global. Essa estatística vai além de uma preocupação estética, pois está intimamente ligada a uma série de doenças graves, como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e até mesmo morte precoce.
Entre 1990 e 2022, enquanto a população global cresceu 51%, o número de pessoas obesas cresceu alarmantes 360%, saltando de 221 milhões para os atuais 1,04 bilhão. Um detalhe crucial é que desse total, 159 milhões são crianças e adolescentes, indicando uma tendência preocupante de aumento da obesidade nessa faixa etária.
O estudo revelou que a prevalência da obesidade entre adultos cresceu em praticamente todos os países, dobrando em média entre mulheres e triplicando entre homens. Essa tendência também afetou crianças e adolescentes, com um aumento de quatro vezes na faixa etária dos 5 aos 19 anos. Paralelamente, houve uma redução significativa no número de pessoas com baixo peso, enquanto o excesso de peso emergiu como o principal problema de má nutrição em todo o mundo.
No Brasil, observa-se uma situação intermediária em relação à obesidade, embora a proporção de pessoas afetadas seja significativamente superior à média global. Nas últimas décadas, o país testemunhou um avanço preocupante no ganho de peso, refletido nas estatísticas de obesidade em crianças, adolescentes e adultos.
Em 1990, a taxa de crianças e adolescentes com obesidade era de 3,1% em ambos os sexos. Entretanto, em 2022, esses números aumentaram para 14,3% entre as meninas e 17,1% entre os meninos. Entre os adultos, a prevalência de obesidade também registrou um crescimento significativo, passando de 11,9% para 32% entre as mulheres e de 5,8% para 25% entre os homens.
Atualmente, o Brasil ocupa a 54ª posição no ranking mundial de obesidade infantil e está classificado como o 65º país com maior prevalência de obesidade entre homens, e o 70º entre mulheres. Esses números evidenciam a necessidade urgente de políticas e ações voltadas para a promoção de hábitos saudáveis e a prevenção da obesidade em todas as faixas etárias.
O papel do farmacêutico
Para o secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Gustavo Pires, é evidente a urgência de ações por parte das autoridades de saúde e formuladores de políticas públicas para enfrentar essa crise global de obesidade. “Nós, farmacêuticos, estamos na linha de frente do cuidado ao paciente e testemunhamos, em primeira mão, os efeitos negativos da obesidade na saúde das pessoas. É importante que estejamos inseridos no contexto de aconselhamento e orientação sobre questões relacionadas a um melhor estilo de vida e aos benefícios dos exercícios”.
Gustavo ressalta que a obesidade não é apenas uma questão estética, mas também está intimamente ligada a uma série de problemas de saúde graves, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, dislipidemia, entre outros. “Os farmacêuticos compreendem a importância de abordar essas ações de forma holística, considerando não apenas a prescrição de medicamentos, mas também a promoção de mudanças no estilo de vida que possam ajudar a prevenir e tratar a obesidade”, conclui o secretário.
Fonte: Comunicação CFF