O Brasil é um dos países com maior incidência de dengue no mundo. A doença infecciosa transmitida pelo mosquito Aedes aegypti ocorre, principalmente, nos períodos de chuvas, quando a umidade favorece a reprodução e o crescimento do vetor do vírus. Um grupo de farmacêuticos pesquisadores traçou o perfil epidemiológico dos casos de dengue identificados nos últimos dez anos, no nordeste brasileiro, como mostra artigo científico recentemente publicado no Brazilian Journal of Development.
No período analisado, entre 2012 e 2021, foram registrados 1.763.525 casos de dengue nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O pico da doença ocorreu entre 2015 e 2016, quando foram registrados mais de 300 mil infectados na região.
Entre os sintomas da dengue, de dois a dez dias após a picada, o indivíduo costuma apresentar febre, dor de cabeça e mal-estar geral. Não há tratamento para a infecção, apenas para os sintomas. Muitas vezes, a infecção fica assintomática e pode passar despercebida, mas quando aparecem sintomas, estes podem evoluir para a cura ou para quadros hemorrágicos/neurológicos, o que reforça a necessidade de mais investigações científicas sobre essa doença.
Uma das autoras do artigo, a farmacêutica mestranda em Ciências Farmacêuticas Sâmia Andrade (UFPI) explica que os dados foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e tratados pelos pesquisadores. “Nossa análise deu conta de que os casos de dengue ocorridos nos dez últimos anos, na região nordeste, acometeram na maioria mulheres (57,26%) na faixa etária de 40 a 59 anos (22,07%) e da cor parda (77,11%)”, relatou a pesquisadora.
O estudo também aponta que a longa extensão territorial do Brasil faz com que sejam adotadas medidas preventivas contra a dengue de forma descentralizada. E isso demanda conhecimento epidemiológico detalhado da incidência da dengue nas diversas regiões brasileiras. O diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia, Gustavo Pires, que participou do estudo, acrescenta ser preciso melhorar o processo de notificação dos casos de dengue para que os pesquisadores possam discutirem resultados mais concretos sobre essa doença.
Gustavo Pires ressalta que o conhecimento epidemiológico é de vital importância para o planejamento de ações que possam proteger a sociedade da dengue. “Com os resultados desse estudo, autoridades locais já podem adotar medidas de prevenção mais eficazes contra essa doença na região pesquisada. É preciso, por exemplo, conscientizar a população sobre os perigos de agravamento do caso quando se utiliza medicamentos de forma inadequada e o farmacêutico é o profissional mais bem preparado para orientar as pessoas sobre isso”, explicou.
O conselheiro federal de Farmácia pelo Piauí, Ítalo Rodrigues, também participou da pesquisa, e observa que embora a dengue seja a arbovirose mais prevalente no mundo, atingindo mais de 100 países tropicais e subtropicais, é considerada doença negligenciada, por atingir, principalmente, a população mais pobre e por receber pouco investimento em pesquisa. “É urgente que autoridades de saúde invistam em ações com a finalidade de reduzir o número de casos de dengue no nordeste brasileiro”, reforçou Ítalo Rodrigues.
Também participaram do estudo, os farmacêuticos Doutor Evaldo Hipólito de Oliveira (UFPI), Doutora Juliana Carvalho Rocha Alves da Silva (UnB), MSc Rodrigo Luís Taminato (UFGO), Denise Alves Santos (Universidade CEUMA), Karlla Natielly Felix de Carvalho (Faculdade Integrada CETE) e Luís Marcelo Vieira Rosa (UFMA).
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Fonte: Comunicação do CFF