A Anvisa publicou, no última dia 14/06, a Nota Técnica 4/2021, que traz orientações para vigilância, identificação, prevenção e controle de infecções fúngicas invasivas em pacientes com Covid-19 internados em serviços de saúde.
Elaborado por especialistas no assunto, inclusive do Ministério da Saúde, o documento ressalta a importância da vigilância e do diagnóstico de coinfecção (contaminação simultânea) fúngica, permitindo o tratamento precoce e, consequentemente, prevenindo o agravamento do quadro clínico ou a morte do paciente.
Para isso, a publicação esclarece sobre o tema e orienta os laboratórios de microbiologia para a identificação de fungos. Também reforça a necessidade da adoção de medidas preventivas e recomenda o monitoramento dessas infecções por meio de ações de vigilância nos serviços.
De acordo com a Nota Técnica 4/2021, os sintomas de algumas doenças fúngicas podem ser semelhantes aos da Covid-19, incluindo febre, tosse e falta de ar. Portanto, o teste laboratorial é necessário para determinar se o paciente apresenta deterioração clínica progressiva apenas devido ao Sars-CoV-2 e suas complicações, pela infecção fúngica ou ambas.
Desde o início da pandemia da Covid-19, várias publicações científicas têm alertado a comunidade de saúde sobre a ocorrência de infecções fúngicas em pacientes portadores de formas graves dessa doença, em particular aqueles que demandam cuidados intensivos por períodos prolongados.
Fungos e infecções
Uma das infecções fúngicas invasivas tratadas no documento é a mucormicose, que envolve fungos filamentosos hialinos da classe Mucorales (Rhizopus ssp., Mucor ssp., Rhizomucor ssp., Lichtheimia ssp., entre outros), que por fazerem com que os tecidos infectados fiquem pretos são erroneamente descritos como “fungos negros”.
Nos últimos meses, foi observado um aumento nas notificações de casos de mucormicose associada à Covid-19, principalmente na Índia, onde cerca de 15 mil casos foram documentados até recentemente. Na América do Sul, já foram identificados casos no Paraguai e no Uruguai, além do Brasil, com registros no Amazonas, em Santa Catarina, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul.
É importante salientar que não é esperado que a mucormicose assuma no Brasil a mesma proporção observada na Índia. Antes mesmo do advento da Covid-19, os indianos já registravam taxas de incidência de mucormicose cerca de 70 vezes maior que no restante do mundo.
O grande número de casos de mucormicose em pacientes com Covid-19 na Índia está relacionado, entre outros fatores, à elevada incidência de diabetes na população do país (muitos desses casos sem diagnóstico e tratamento), favorecendo surtos em pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs), com o uso de doses elevadas de corticoides, tratamento normalmente utilizado em pacientes com Covid-19 em estado grave.
Além da mucormicose, outras infecções fúngicas invasivas, como, por exemplo, a aspergilose pulmonar e a candidíase, são frequentes e também preocupantes em pacientes com quadros graves de Covid-19, principalmente os internados em UTI, uma vez que essas infecções estão associadas ao agravamento do quadro clínico e a mortes.
Confira a íntegra da Nota Técnica 4/2021 – Orientações para vigilância, identificação, prevenção e controle de infecções fúngicas invasivas em serviços de saúde no contexto da pandemia da Covid-19.
Fonte: Anvisa