Embora permaneçam com ritmo expressivo de crescimento, as vendas de genéricos no país registraram em 2015 o pior desempenho dos últimos três anos, segundo levantamento da PróGenéricos. No ano passado, foram R$ 5,9 bilhões em vendas desse tipo de medicamento, equivalente a alta de 11,75% frente a 2014 já considerados os descontos praticados pela indústria, distribuidores e varejistas.
Para este ano, a meta é repetir a performance de 2015, o que será como uma “vitória” pela indústria. Em 2013, a taxa de expansão havia sido de 14,59% e, em 2014, de 14,88%. “A crise econômica está inibindo o acesso a medicamentos. As empresas estão muito preocupadas com a falta de estabilidade política”, afirma a presidente da PróGenéricos, Telma Salles. A associação reúne 14 laboratórios, que respondem por cerca de 90% das vendas do segmento no país.
Em unidades, as vendas de genéricos no mercado brasileiro encerraram 2015 com expansão de 12,19%, abaixo da expectativa inicial de crescimento de 15%. Conforme a associação, que toma como base dados da consultoria IMS Health, foram comercializadas 978,3 milhões de caixas de medicamentos, frente a 872 milhões no ano anterior.
O menor ritmo de crescimento, combinado ao aumento dos custos de produção a alta do dólar encarece o insumo farmacêutico, que é majoritariamente importado , afeta a rentabilidade da indústria e “pode desestimular investimentos em inovação e até mesmo no lançamento de novos genéricos”, de acordo com Telma.
Mais baratos que os remédios de marca, os genéricos chegam ao consumidor final com elevados descontos, que por enquanto estão sendo mantidos pelos laboratórios. “A indústria têm mantido os descontos, mas o varejo drogarias pode não conseguir”, avalia a executiva.
Ao fim de dezembro, a participação desse segmento no mercado total de medicamentos estava em 28,88%, frente a 27,64% um ano antes. Em receita, a fatia era de 12,91%. O fato de a participação de mercado dos genéricos não ter avançado mais de dois pontos percentuais nos últimos três anos, conforme Telma, indica que o acesso aos remédios no país tem ocorrido mais lentamente.
Como os genéricos são, de maneira geral, produtos de uso contínuo, as vendas de drogas de combate à hipertensão e colesterol são as mais afetadas pela desaceleração da demanda. Mantida essa tendência, alerta Telma, há risco de mais sobrecarga na saúde pública por doentes crônicos que não fizeram acompanhamento terapêutico adequado.
Apesar da redução de ritmo, o segmento permanece como principal motor de crescimento das vendas de medicamentos no país. Na média, a expansão nas vendas de todas as categorias de remédios foi de 10,65% no ano passado, para R$ 46,4 bilhões.
Os similares, que desde 2014 são tratados como equivalentes aos medicamentos de referência, mostraram alta de 9,14%, com R$ 3,6 bilhões em vendas. Já os produtos de referência avançaram 9,29%, para R$ 17,8 bilhões.
Fonte: Valor Econômico (Stella Fontes)