Farmacêutica avalia uso do remdesivir

29 de março de 2021

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Remdesivir contra a covid-19. É o primeiro medicamento antiviral a ter recomendação em bula para pacientes com o novo coronavírus no Brasil. O medicamento é indicado para o tratamento de doenças como o Ebola. Como esclarece a farmacêutica Mariana Gonzaga, do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos – o ISMP Brasil, e professora do curso de farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, em ensaios clínicos, o medicamento se mostrou eficaz na redução do tempo de recuperação dos pacientes infectados.

O produto chegou a ser aprovado para essa finalidade pela Agência Regulatória dos Estados Unidos em outubro do ano passado. “Entretanto, é importante destacar que, até o momento, o remdesivir não mostrou eficácia na redução da mortalidade por Covid-19 e nem à submissão à ventilação mecânica. Então, são desfechos importantes para nós, claro. Reduzir a morte relacionada à infecção e a necessidade de internar o paciente na UTI, entretanto, o remdesivir não se mostrou eficaz para esses dois desfechos. É um medicamento injetável que vai ser infundido na veia do paciente e tem o uso restrito para o ambiente hospitalar, ou seja, ele vai ser utilizado apenas naqueles pacientes que demandarem hospitalização”.

Mariana Gonzaga reforça que o remdesivir é utilizado somente em ambiente hospitalar. É indicado para pacientes acima dos 12 anos com pelo menos 40 quilos. Ele inibe a ação de uma enzima que auxilia o vírus na sua multiplicação dentro da célula humana. O tempo de tratamento pode variar de acordo com a condição do paciente entre 5 a 10 dias. Apesar dos poucos eventos adversos identificados até o momento, o medicamento pode aumentar enzimas hepáticas. O produto não é recomendado para quem já apresenta aumento considerável dessas enzimas ou que desenvolveu o problema durante o tratamento.

“O uso desse medicamento também não é recomendado para pacientes com disfunção renal mais grave. Então, todos esses fatores relacionados à função hepática e renal, precisam ser bem avaliados por um profissional de saúde antes de iniciar o tratamento e durante o tratamento. Até o momento também não é indicada a co-utilização de remdesivir com a cloroquina ou hidroxicloroquina, isso tudo baseado em estudos com culturas celulares que demonstram um antagonismo entre esses dois grupos de medicamentos. Também é importante ressaltar que a própria infecção da Covid-19 pode causar alterações renais e hepáticas daí o reforço na necessidade de monitorar esses parâmetros”.

A farmacêutica acrescenta que pessoas que tenham utilizado cloroquina e hidroxicloroquina recentemente também estão sujeitas a ter menor efetividade no tratamento com o remdesivir quando forem submetidos à sua utilização.

O áudio dessa notícia pode ser acessado na Rádio NewsFarma: www.newsfarma.org.br.

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